sábado, 31 de maio de 2008
A insustentável sustentabilidade brasileira
Para o pessoal da cidade grande, que costuma ouvir falar em Amazônia sustentável e manejo florestal, eis uma pequena amostra das condições de trabalho em áreas de floresta relativamente preservadas e isoladas como são as terras indígenas.
O custo operacional é impraticável por uma série de razões, de várias ordens, que vão desde a dificuldade de implantar infra-estrutura até a burocracia e ineficiência governamental, passando pelas características climáticas, pelo regime de chuvas, pela cultura local de trabalho informal, pela falta de pessoal qualificado. Sem falar nos custos da certificação.
Não sei se a coisa mudou, mas até bem pouco tempo, tudo conspirava contra aqueles que desejavam realizar atividade econômica lucrativa na floresta, pautando-se pelos critérios da responsabilidade socioambiental e desenvolvimento sustentável.
As imagens abaixo foram tiradas durante uma "safra" de madeira manejada na área Xikrin do Cateté. Elas representam só uma parte do trabalho: recuperar estrada, abrir ramais de acesso e arraste, e fazer o corte. Antes era preciso fazer o zoneamento, censo florestal, inventário diagnóstico, passar pela fiscalização do Ibama, esperar pela emissão das autorizações (ATPFs). E depois ainda faltava o transporte, o beneficiamento na serraria e a comercialização.
Talvez fosse mais fácil levar o Caruso para cantar ópera na floresta.
Chamem o Fitzcarraldo.
(E não custa lembrar das palavras do Herzog, postadas aqui mesmo no blog).
As fotografias são de autoria da equipe do Instituto Socioambiental que trabalhava no projeto, prestando assessoria aos Xikrin.
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